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Meu cachorro tem olhos de cereja, e agora?

Foto do escritor: Med. Vet. Luciana de ToledoMed. Vet. Luciana de Toledo

Muitos cães possuem o famoso ‘cherry eyes’ ou, se preferir, prolapso de terceira pálpebra. É uma afecção relativamente comum em cães, principalmente filhotes de raças braquicefálicas como Pugs, Bulldog Inglês e Bulldog Francês. Essa afecção pode acometer também cães da raça Pequines, Shih Tzus, Lhasa Apso, Basset Hounds, Mastiff Napolitano e Rottweiler. Esta é uma afecção muito rara em gatos na rotina clínica.


Imagem 1 – Cão apresentando prolapso de terceira pálpebra


A terceira pálpebra, também chamada de membrana nictitante, é uma estrutura de proteção móvel, localizada no canto interno dos olhos, entre a córnea e a pálpebra inferior. Em seu interior possui uma cartilagem em forma de T, uma glândula lacrimal e folículos linfoides (QUINN, 2005, p. 79; DELGADO, 2005, p. 89).


Imagem 2 – Localização anatômica da terceira pálpebra

A função da membrana nictitante é basicamente proteger o globo ocular, distribuindo e secretando lágrimas. Ao piscar, o globo ocular é retraído pelos músculos bulbares retratores, o olho é coberto pela terceira pálpebra criando assim uma barreira protetora. Essa movimentação ajuda na excreção de impurezas dos olhos.

Não se sabe ao certo a origem da sua causa, porém alguns autores acreditam que pode estar ligada a patógenos específicos que comprometem as glândulas, frouxidão na fixação do tecido conjuntivo entre a ponta da terceira pálpebra e os tecidos adjacentes. Outros trabalhos descrevem a possibilidade de ser uma doença congênita ou hereditária, sendo etiologicamente relacionada a traumas que causam a fragilidade de ligamentos que unem o globo ocular a glândula.


Apesar destas possibilidades, muitos tutores relatam que o aparecimento da glândula ocorre de forma espontânea, sem histórico de trauma. É uma afecção comum, podendo surgir em animais de qualquer idade. Não há relatos que a protusão de terceira pálpebra tenha ligação com esforço físico como puxar a guia da coleira ou brincar de cabo de guerra.


Os principais sinais clínicos são: irritação no local, secreção purulenta, conjuntivite, epífora (lacrimejamento excessivo), hipertrofia glandular e/ou proeminência da membrana nictitante. A protusão pode se iniciar de forma unilateral, evoluindo com o tempo para bilateral. A glândula produz cerca de 30% de filme lacrimal, sendo assim sua retirada é contraindicada. Alguns animais podem sentir incomodo, sendo assim, para evitar complicações secundarias a essa afecção, recomenda-se utilizar o colar elizabetano para que o animal não tenha acesso, podendo piorar o quadro.

O tratamento definitivo do prolapso de terceira pálpebra é a correção cirúrgica, que consiste no reposicionamento da glândula para seu local de origem. Existem inúmeras técnicas utilizadas com o intuito de preservar a glândula, sendo elas a técnica de ancoragem ou técnica de bolso. Não há possibilidade dessa afecção se normalizar de forma espontânea.


Quando a cirurgia é realizada com no mínimo 6 meses de idade, os casos de reaparecimento dessa afecção são menores. O médico veterinário que acompanhou o caso irá medicar o animal conforme seu prognóstico que, na grande maioria dos casos, é bom.


Para esclarecimento de qualquer dúvida, pergunte a um médico veterinário de confiança.

- CONSULTE SEMPRE UM MÉDICO VETERINÁRIO

- NÃO PEÇA CONSULTA ONLINE

- CONSULTE CANIS IDONEOS

- NÃO FAÇA RECEITAS CASEIRAS


Escrito por Luciana de Toledo (instagram: @lutoledovet)

Revisado por Thaís Reichmann (Instagram: @thais_reichmann)


Ressalta-se que: As referências de base deste resumo vieram de trabalhos escritos por médicos veterinários e disponíveis publicamente online, boletins epidemiológicos e de plataformas online para profissionais e estudantes da área.

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