top of page

Hipotireoidismo em cães - Como identificar?

Foto do escritor: Med. Vet. Luciana de ToledoMed. Vet. Luciana de Toledo


O hipotireoidismo é uma doença altamente relevante na clínica de pequenos animais, não apenas pelo desequilíbrio hormonal, mas também por facilitar outras doenças como dermatopatias (doenças de pele), diabetes, cardiopatias, entre outros.


O sistema endócrino é responsável em regular as funções hormonais do organismo e a endocrinologia tem como objetivo estudar disfunções neste sistema – as conhecidas endocrinopatias ou doenças do sistema endócrino.


O sistema endócrino atua através de uma comunicação do sistema nervoso e diferentes glândulas, conhecido como eixo hipotalâmico hipofisário. Este sistema depende da formação de hormônios do hipotálamo, que irão estimular a secreção de substâncias da hipófise e que consequentemente estimularão órgãos alvo.

Imagem 1 – Localização e forma anatômica da glândula tireoide


A glândula tireoide tem formato ‘gravata borboleta’, localizada na garganta do cão (Imagem 1). O eixo tireoide-hipófise-hipotálamo é a conexão de estímulos entre estas três glândulas e funções diversas no organismo – por exemplo, o controle dos níveis de cálcio no sangue. O hipotireoidismo nada mais é do que anormalidades estruturais e funcionais da glândula tireoide.


A enfermidade pode se apresentar de três maneiras distintas: o hipotireoidismo primário, que é o mais comum, abrangendo cerca de 95% dos casos (ENGELKING, 2010); a forma secundária ou central, que representa menos de 5% dos casos (MONTANHA; LOPES, 2011), e a forma terciária, que dentre as três relatadas é a de ocorrência mais rara. Cada uma das enfermidades é diferenciada conforme o local de origem do distúrbio no eixo (BOLFER et al., 2013, RIJINBERK; KOOISTRA, 2013).


Observa-se que apesar de acometer mais as raças de grande porte, não existem raças predispostas a essa doença, nem predileção por sexo.

Alguns autores se contradizem mencionando e classificando algumas raças predispostas como: Setter Inglês, Skye Terrier, Pointer Alemão de Pelo Duro, Pastor Inglês, Maltes, Kuvasz, Beagle, Golden Retriever, Dobermann Pinscher, Setter Irlandês, Boxer, Schnauzer, Dachshund, Cocker Spaniel. Outros autores relatam que há um maior risco do sexo masculino.


Os sinais clínicos observados em animais acometidos pelo hipotireoidismo aparecem lentamente, muitas vezes de forma sutil, e podem acabar passando desapercebidos dos proprietários e evoluindo gradativamente até um ponto clínico mais severo – este, normalmente, é o estado em que o animal é levado ao veterinário.

Essa síndrome pode se manifestar com apenas um sinal clínico ou pode se manifestar com diversos fatores que afetam o sistema por completo. Quando hereditário, o hipotireoidismo causa o retardo no desenvolvimento mental e retardo no crescimento, moleira, hipotermia, hipoatividade, dificuldade de mamar e distensão abdominal. À medida que o filhote cresce, sua cabeça se torna relativamente grande e larga, as características faciais incham, a pelagem fica fina, sem sobre pelo e os dentes de leite se tornam persistentes na fase adulta (RIJINBERK; KOOISTRA, 2013, FREITAS, 2009).


O hipotireoidismo quando adquirido, se dá início na fase adulta (ETTINGER; FELDMAN, 2005), e o animal é levado ao Veterinário normalmente com a queixa principal associada a letargia e falta de resposta a estímulos. Os principais sintomas incluem falta de apetite, bradicardia (diminuição da frequência cardíaca), obesidade (mesmo sem ter nenhuma alteração na alimentação), alopecia bilateral (falta de pelos em ambos lados do tórax), constipação, seborreia (Imagens 2 e 3). Como se trata de uma doença metabólica, os sinais clinico são divididos de acordo com o sistema que é acometido (Tabela 1).

Imagem 2 – Cão com letargia e obesidade, diagnosticado com hipotireoidismo.

Imagem 3 – Cão com dermatopatia, diagnosticado com hipotireoidismo.


Tabela 1 – Sinais e sintomas do hipotireoidismo divididos pelo sistema afetado.


Para chegarmos em um diagnostico definitivo, devemos conciliar a suspeita clínica, com a utilização de exames complementares e as determinações hormonais, que apresentam uma diminuição do T4 (tiroxina total) e T4 livre, e aumento do TSH (hormônio estimulante da tireoide).

O tratamento é realizado com uma medicação própria para esse distúrbio, com todo protocolo correto direcionado pelo médico veterinário responsável pelo caso e ajustado conforme as necessidades daquele animal específico. Para uma melhor qualidade de vida, realiza-se a monitoração através do teste ‘’Post Pill’’ ou Teste de Reposição Hormonal.

Nota: Foram omitidos nomes de medicamentos para prevenir que tutores possam querer automedicar seus animais. Consulte sempre um Médico Veterinário e siga suas orientações para o diagnóstico, tratamento e Bem-Estar do seu companheiro pet.


 

- CONSULTE SEMPRE UM MÉDICO VETERINARIO

- CONSULTE CANIS IDONEOS

- NÃO PEÇA CONSULTA ONLINE

- NÃO FAÇA RECEITAS CASEIRAS

- SE ADOTAR ALGUM ANIMAL, FAÇA UMA ADOÇÃO RESPONSÁVEL

- DENUNCIE MAUS TRATOS

 

Escrito por: @lutoledovet

Revisado por: @thais_reichmann

Comments


bottom of page